Chico Buarque tem alma feminina... Consegue como
poucos, e poucas, escrever sobre esse (nosso) universo.
As mulheres do Chico são acima de tudo,
MULEHERES. Sofrem preconceito, que o diga a Geni, são as Amélias
dedicadas e fervorosas. São fortes, são sensíveis.
Chico desvenda nossa alma, nossos anseios, e nos
deixa nua, em público!
Não somos santas, não somos demônios! Somos
humanas!
Nós somos todas, e todos, “mulheres de Chico”...
Ele fala, ele canta, ele encanta, ele despe todos nós! Esfrega na nossa cara o
machismo, a falsa moral. Expõe o que muitas não querem ouvir e poucos têm a
capacidade de entender sobre o “ser mulher”.
Que joguem pedra, que façamos todo dia tudo igual,
que não tenhamos nem medo nem qualidade, apenas medo...
Chico... Ah Chico! Que baila no imaginário feminino
há muito e de muitas...
Que faz homens te admirarem e te invejarem com a
mesma intensidade.
Continua
a ser nossa voz, nossa alma... Desvenda nosso âmago, como nem mesmo, nós
mulheres, conseguimos...
Para quem pergunta: o que querem afinal as
mulheres? Eu respondo, interprete Chico Buarque! Não somos clichês, não somos
uma frase. Somos todas as mulheres que Chico canta.
Pronto! Fomos descobertas, delatadas, mas serão
todos capazes de entender? Não! Garanto que não! Há que ser muito sensível para
entender a alma fermina, ou melhor, a alma de Chico Buarque de Holanda.
Chico escreve para mim, para você, para as Marias,
para as Genis, Anas, Carolinas, mas também escreve para João, José, Antônio...
Descreveu-me no meu amor pueril, com minhas
brincadeiras de heróis, falou do que eu sentia, de coisas que eu nem sabia que
sentia, do que pensam de mim, do que esperam de mim.
Fui descoberta! Agora já não sou mais uma
incógnita! Já não sou reduzida a minha TPM, ao meu papel de mãe, de esposa. Aos
meus (malditos) hormônios! Fui descoberta sim! Ou melhor, me descobri, me
reconheci nas letras de Chico! Fui desvendada para todos! Fui descoberta por
outra pessoa. Um homem com alma de mulher! Chico desvendou o que há muito eu
mesma venho tentando descobrir: a minha essência!
Sejamos
Athenas, Amélia, Geni...
Somos
putas, somos fogosas...
Queremos
amar, queremos amor!
Fomos
abandonadas, abandonamos.
Gritamos,
suspiramos.
Amamos,
odiamos!
Fazemos
comida, fazemos amor!
Façamos
guerra!
Somos
leoas, somos mansas...
Quando
mortas, somos flor...
Quando
vivas, perdição...
Somos
encontros
E
desencontros...
Medo e
coragem...
Fome e
saciedade...
Somos
únicas...
Somos muitas!